Além das perguntas básicas, é fundamental ir mais fundo para entender o contexto do empreendimento. Pergunte ao corretor por que o proprietário está vendendo: às vezes uma urgência financeira pode abrir margem para negociações melhores. Investigue também quantos dias o imóvel está no mercado e se já houve outras ofertas recusadas. O consultor imobiliário Fábio Tadeu de Parra, da Brain Inteligência Estratégica, afirma que um imóvel anunciado há mais de 120 dias geralmente aceita contrapropostas mais agressivas. Em um caso recente atendido pela Ventura Imóveis, um cliente economizou R$ 40 mil após descobrir que o vendedor já havia recusado três propostas e estava disposto a negociar.
Questione, ainda, sobre o histórico de manutenção e eventuais problemas estruturais. Peça relatórios ou laudos de vistorias, pergunte sobre infiltrações, rachaduras e se já houve reformas significativas. O engenheiro civil Carlos Eduardo Guimarães alerta que pequenos defeitos podem esconder problemas maiores, como falhas na impermeabilização ou na rede elétrica. Ele lembra de um apartamento em Maringá cuja pintura nova escondia umidade crônica no teto; após a compra, o novo proprietário gastou R$ 15 mil em reparos. Uma inspeção prévia poderia ter evitado a surpresa.
Outro tema recorrente é a valorização futura. Pergunte ao corretor sobre projetos urbanos na região: novas vias, unidades de saúde, escolas ou centros comerciais podem impactar positivamente o valor do imóvel. Da mesma forma, obras como viadutos ou terminais de ônibus podem trazer barulho e movimento exagerado. Em 2024, uma pesquisa da DataZAP mostrou que apartamentos próximos à estação do BRT em Curitiba valorizaram 14% acima da média em três anos. A consultora Janaina Pereira recomenda olhar os Planos Diretores do município, disponíveis nos sites das prefeituras, para entender o que vem por aí.
Muitos compradores se esquecem de perguntar sobre a vizinhança e as regras internas. Se for um condomínio, informe-se sobre o regulamento: há restrição a animais? Quais os horários de uso das áreas comuns? Qual é a taxa condominial e está previsto aumento? Recentemente, uma cliente da Ventura desistiu de um apartamento após saber que não poderia usar o elevador de serviço para levar seu cachorro de grande porte. Pergunte também se existem processos judiciais envolvendo o condomínio, pois essas despesas podem ser rateadas entre os moradores.
A relação com o corretor deve ser transparente. Pergunte sobre a comissão: quem a paga, quanto e quando? Peça para ver os documentos do imóvel antes de assinar qualquer proposta e solicite uma cópia do contrato de compra e venda para leitura com calma. Não tenha medo de procurar um advogado de confiança para analisar as cláusulas. Como diz o ditado, “o combinado não sai caro”.
Por último, explore o lado humano: pergunte ao corretor como é viver na região, onde estão os melhores restaurantes, como é o perfil dos moradores. Boas histórias e recomendações mostram que ele conhece o bairro e está genuinamente interessado em ajudar. Um corretor que fala apenas de metros quadrados e preço provavelmente vê você como mais uma comissão; aquele que compartilha experiências e curiosidades demonstra vocação para consultor. Assumindo um olhar visionário e curioso, você transformará a entrevista com o corretor em um bate-papo enriquecedor e divertido que resultará na escolha certa.